Toxina Botulínica no Tratamento da Dor

INTRODUÇÃO

 

A história da toxina botulínica (TxB) tem origem quando em 1817 foi publicada primeira descrição do botulismo (ou seja, envenenamento pela TxB). O autor, Justinus Kerner, associou mortes resultantes de intoxicação com um veneno encontrado em salsichas defumadas (do latim botulus que significa salsicha). Ele concluiu que tal veneno interferia com a excitabilidade do sistema nervoso motor e autonômico. Isto permitiu a publicação de duas monografias descrevendo as características clínicas do botulismo 1 . Kerner propôs uma variedade de potenciais usos da TxB na Medicina, principalmente em desordens de origem no sistema nervoso central que, atualmente, através de novas pesquisas vêm sendo comprovadas 2,3.

 

Somente em 1895 que o agente bacteriano, bem como o mecanismo de ação responsável pela toxicidade do botulismo foram descobertos, feitos estes atribuídos ao professor Emile Van Ermengen, cuja publicação data de 1897 2 . A TxB, uma das mais potentes toxinas bacterianas conhecidas, é o produto da fermentação do Clostridium botulinum, uma bactéria anaeróbia Gram-positiva em forma de esporo encontrada comumente no solo e em ambientes marinhos no mundo todo 3 . Oito sorotipos imunologicamente distintos têm sido identificados. Destes, sete sorotipos: A, B, C1, D, E, F e G são neurotoxinas (outra TxB, a C2, é também produzida pelo C. botulinum, mas não é neurotoxina) 4 .

 

Embora todos os sorotipos inibam a liberação de acetilcolina na terminação nervosa, suas proteínas intracelulares, seus mecanismos de ação e suas potências variam substancialmente. O sorotipo mais amplamente estudado para o propósito terapêutico é o A, entretanto, os estudos sobre os efeitos dos demais sorotipos estão em crescimento. Em 1978, Alan Scott conduziu os primeiros testes com a TxB-A injetada em seres humanos para o tratamento de estrabismo 2 . Posteriormente sua indicação se estendeu para as distonias segmentares, tremores e outros movimentos anormais.

 

O uso da TxB no tratamento da espasticidade foi feito pela primeira vez em 1989, onde foi publicado o resultado de sua aplicação em músculos intensamente espásticos de seis pacientes adultos com hemiplegia secundária ao infarto cerebral. Os neurologistas perceberam a potencial utilidade da TxB em desordens neurológicas envolvendo excessiva contração ou tônus muscular 5 . Utiliza-se a unidade internacional (UI) para definir a potência biológica de todas as preparações de TxB, sendo uma UI a quantidade de TxB capaz de matar (em experimentos) a metade de uma população de ratos (DL50) 6 .

 

Artigo completo em: http://www.scielo.br/pdf/rba/v59n3/13.pdf

 

Artigo escrito e publicado por Doutor Orlando Colhado

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